O grupo Gannett, a maior rede de jornais dos Estados Unidos, entrou com uma ação contra o Google na terça-feira (20). A empresa acusa a big tech de violar leis federais antitruste ao abusar de monopólio sobre a tecnologia usada por editoras de jornais para comprar e vender anúncios on-line.
O processo contra o Google e sua controladora, a Alphabet, foi registrado na Justiça de Nova York. A Gannett afirma que o domínio do Google no mercado de publicidade digital reduziu enormemente a receita potencial das editoras de jornais.
A ação argumenta que, enquanto o mercado de publicidade on-line gira em torno de US$ 200 bilhões por ano, as editoras viram uma queda de quase 70% na receita com publicidade desde 2009, o que reduziu o número de vagas no jornalismo e fez com que muitos jornais fechassem.
A Gannett é dona do USA Today e de mais de 200 jornais diários nos EUA. No processo, a editora afirma que, desde 2019, encerrou a publicação de mais de 170 títulos.
“O Google controla como as editoras vendem seus espaços de publicidade e as obriga a vender fatias cada vez maiores desse espaço publicitário para o Google a preços reduzidos”, afirma a ação. “O resultado é uma receita dramaticamente menor para as editoras e rivais do Google, enquanto o Google desfruta de lucros monopolistas exorbitantes.”
Este é o último de uma série de processos contra o Google por suas práticas no mercado de publicidade. Em janeiro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos entrou com uma ação antitruste contra o Google, com o objetivo de quebrar seu monopólio em publicidade digital. A Comissão Europeia entrou com processo semelhante em 14 de junho. O órgão regulador antitruste do Reino Unido também está investigando as práticas do Google nessa área.
“As editoras de jornais dependem da receita de anúncios digitais para oferecer reportagens relevantes e de qualidade, além de conteúdo do qual as comunidades dependem”, afirmou em comunicado o diretor executivo da Gannett, Mike Reed. “As práticas do Google tiveram efeitos negativos, que não apenas reduzem a receita, como forçam a redução dos jornais locais.”
Sobre a ação, o vice-presidente da Google Ads, Dan Taylor, afirmou que os argumentos “são simplesmente equivocados.” Segundo do ele, as editoras têm muitas opções em tecnologia de publicidade. Taylor disse ainda que, quando elas usam as ferramentas do Google, elas “mantêm a maior parte da receita.”
“Vamos mostrar na Justiça como nossos produtos de publicidade beneficiam as editoras e as ajudam a financiar seu conteúdo”, afirmou Taylor.
No ano passado, cerca de 80% do lucro do Google, de US$ 60 bilhões, veio da divisão de publicidade, que engloba os ganhos obtidos com a ferramenta de buscas, o YouTube e o serviço de e-mail.

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